!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Antigo blog do pulmao




























Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
terça-feira, fevereiro 25, 2003
Consci�ncia em demasia

Estou numa fase de consci�ncia em demasia. Devo respirar como um peixe e sufocar toda a paix�o que cabe nas bolas de meu saco, saco de p�o, �bvio, afinal, quem n�o gosta de um p�ozinho com manteiga de manh�. � por essas e outras, que no fim do apocalipse, n�o estarei eu, nem voc�, s� o Bush com a busha, de m�os dadas dando tchauzinho a todas a melancias at�micas do carnaval.

Ah! Me sinto em casa, outra vez, pap�is no ch�o, porras na cortina, fezes de algud�o doce. Encontrei na concentra��o infantil a veia de exist�ncia que me faltava, na doce despreocupa��o com a rigorosa ordem, que se formos levarmos a �ltima conseq��ncia, talvez se encontre apenas na matem�tica e tchau para voc�s. Vou.

10:58 PM


segunda-feira, fevereiro 24, 2003
Niilismo Sensual, Arco-�ris de Prazer

Estava eu a matutar na rede de casa, co�ando a cabe�a e pelejando em digerir o suposto macarr�o ao molho ros�, quando fui acometido de um espasmo wittengsteiniano. Estou sendo demasiadamente prolixo em meu blog. Quando n�o se tem nada a dizer, o melhor � calar.

Nada muito grandioso, apenas mais um fruto de minha doutrina, j� conhecida por Dante, o niilismo sensual.

Essa doutrina apareceu, assim como a maioria das coisas da minha vida, numa esp�cie de lampejo. Na verdade, seria um eufemismo afirmar que esta doutrina apareceu, melhor seria dizer que ela me arrebatou, ou melhor ainda, me atropelou. Foi um dia quente, suava em bicas, fumava um belo dum charuto cubano, e olhava, com toda a cinestesia que cabe em meu peito, � fofura das nuvens e do ar.

N�o nego. Compartilho sim do amor alem�o aos r�tulos na medida em que bem feitos e precisos. A marioria daquilo que � dito, afirmo sem espanto nem drama, n�o � dito, pertence ao sutil reino das entrelinhas de nossa verborragia cotidiana.

Foi assim que, ap�s muito ponderar, e submergir no mar de minha mem�ria, por anda anda o barco de meu eu, conclu� que j� havia dito isso para Dante, sem nunca diz�-lo. Quanto ao Arco-Iris de prazer - embora a express�o estaja em sintonia �ntima com o niilismo sensual - devo salientar que falta, por assim dizer, uma explica��o a fim de que n�o se borre meu nome nos anais da hist�ria.

O arco-�ris, visto atualmente como algo um tanto brega, nada mais passa, para mim, do que um efeito prism�tico e, simultaneamente, a marca da alian�a entre Deus e os homens. Carrega em si a possibilidade da transmuta��o dos sexos, como tamb�m a espera�a que algum cabelo nas�a em meu pulm�o.



4:31 PM


sábado, fevereiro 22, 2003
Reflex�es sem destino

O movimento do pensamento inteligente � dial�tico, j� a do pensamento burro � diet�tico. Sem oposi��o, nada de valor se constr�i. Por�m, antes de se elaborar a ant�tese, faz-se necess�rio o dom�nio da tese. � o que falta aos jovens, que criticam aquilo que n�o conhecem, como cegos loucos tacando pedras em alvos por eles alucinados.

Infelizmente, poucos escapam da adolesc�ncia, ao menos do ponto de vista intelectual. Se muito poucos sabem se expressar, muito menos sabem discutir sem aquela supeita secreta de origem grega que o que discorda quer, no fundo, comer o seu rabo. E isso � uma pena.

Tem gente que se apega �s suas id�ias (que n�o maioria das vezes nem s�o pr�prias) com uma m�e se apega aos filhos verdadeiros. O probelma n�o reside no amor em si, mas no fato deste amor impedir a percep��o dos pr�prios filhos e de seus defeitos. N�o � � toa, portanto, que encontramos tantas id�ias maconhadas cujas m�es fingem n�o ver.

L�gico que n�o h� mal algum em se apegar �s id�ias que se tem, pelo contr�rio, � at� importante para que o pensamento n�o se perca na labirinto d�vida est�ril. O amor por uma id�ia pode trazer em seu benef�cio cada vez mais argumentos, mais robustos e mais s�lidos, na medida em que as perguntas s�o cada vez melhores. Einstein, � �poca, acabou ajudando o fortalecimento das novas hip�teses da qu�ntica. Este mesmo exemplo serve para que n�o fique esquecido que s�ntese n�o � necess�ria, mas eventual.

Se n�o fosse pelo amor ao conceito, ainda mais quando se trata de conceitos que acalentam o cora��o, a teologia estaria perdida. De fato, � medida que a ci�ncia vai evoluindo, mais os padres e te�logos v�o rebolando para sustentar, sem apelar a f� infantil, a exist�ncia do Bitelo.

A inexist�ncia do Bitelo n�o implica na aus�ncia de uma por��o n�o biol�gica do homem. Assim como a exist�ncia do Bitelo n�o garante a exist�ncia da alma. Deve se acrescentar tamb�m que a veracidade da hip�tese de exist�ncia de uma parte do homem irredut�vel � f�sica ou a biologia n�o quer dizer que a alma, tal como apresentada pelos crist�os e esp�ritas exista.


3:53 AM


quarta-feira, fevereiro 19, 2003
Mem�rias

Bra�os e bocas
Beijos e lembran�as
Abra�os e lamban�as
N�o h� espa�o na mem�ria

Cachoeiras esquisitas
Ansiedade depressiva
Morte infinita
N�o h� espa�o na mem�ria

Mas amor violento
Dinamite cristalina
Constr�i e buzina
O mundo da surdina

Now
Carnaval e sonrrisal

2:00 PM


terça-feira, fevereiro 18, 2003
Fazenda

Adoro ir � fazenda. L� as coisas funcionam de verdade. L� encontramos a verdade crua, a verdade da carne. O melhor de tudo � o estado de esp�rito que a fazenda gera na gente, coisa dif�cil de descrever. Sinto-me mais humano, mais verdadeiro comigo mesmo, mais justo, em suma: mais belo.

A rotina de acordar um pouco antes do Sol nascer e ir ao curral para tirar leite, sentindo o frescor da ar �mido e puro da madrugada, traz um bem estar deleitoso. Depois coloca-se a r�dea nos cavalos para trabalhar no pasto, ver se a boiada est� bonita e gorda e cabicera.

Estar em cima de um cavalo olhando toda aquela boiada mostra ao nosso sentimento o lugar do homem perante a natureza, algo como mijar de peito estufado nos p�s de uma �rvore.

De tarde, o corpo exaurido pelo trabalho bruto repousa na rede da varanda, enquanto mo�a bonita, de generosos seios, faz gostosas car�cias nos cabelos. E Sol vai se pondo molemente, bem de mansinho, ao longe, no meio do pasto. A noite chega e o sono � doce. O verdadeiro sono dos justos.

9:02 PM


segunda-feira, fevereiro 17, 2003
Freud, amigo da garotada

Freud, neurologista frustrado, erigiu toda a psicanálise a partir da psicopatologia. Para entender a mente de um sujeito normal, usou como matéria prima as suas investigações o homem doente. Após alguns anos de estudo e evolução, supôs que tudo aquilo que uma mente lunática possui, nós, terráquios, também possuímos. A diferença entre a nós e os psicóticos, histéricos, etc não seria, portanto de espécie, mas sim de grau. O fenômeno da loucura se manifesta em degrade.

Lógico que tal procedimento metodológico é visivelmente reducionista. Pois apreende a realidade humana sob a perspectiva da doença, de forma parcial, imprimindo relevo à certas porções da subjetividade enquanto outras mais altas e quem sabe mais esquisitas são preteridas ou, na melhor das hipóteses, jogadas no saco da sublimação, como se nomear o problema fosse resolvê-lo.

Sublimação se refere a toda aquele energia sexual que não é descarregada em seu objeto original, e assim segue outro caminho, mais simbólico e mais sublime. É uma compensação vertical. Exemplo grosseiro: o consciente chupa um sorvete, mas seu inconsciente quer mesmo é chupar rola. Mais grosseiro ainda: O poeta escreve sobre o abismo negro para isentar-se de práticas sexuais bastante sujas. Assim, sublimação entra no conjunto destes conceitos tão amplos a ponto de se tornarem tão vagos quanto inúteis. Um conceito que tudo explica, nada explica. Para o nosso judeu, a arte não passa de sublimação.

Só isso?

Arte é muito mais que isso, seus psicólogos estreitos!

5:41 PM


sábado, fevereiro 15, 2003
Bilu Dad�

S�o cinco da matina. E o vermizinho da vida vai fazendo:

nhac nhac nhac

4:07 AM



A sertaneja

Certa vez me apaixonei perdidamente por uma linda menina que escutava s� escutava a nata da m�sica sertaneja. Foi o maior golpe no orgulho que j� sofri em toda a minha vida. Eu, com toda minha cultura e bom gosto estava l�, babando na sola das compridas botinas daquela menina.

Todos os complexos livros que li, todos os filmes europeus que assisti, todo meu refinado gosto musical n�o geravam em seus seios palpitantes a menor admiri��o. Nem o fato de eu ter lido a Torah no original hebr�ico serviu para causar a m�nima boa impress�o. Mesmo a minha especialidade culin�ria, o meu famoso pato ao vinho, sempre t�o elogiado pelos meus amigos gastron�micos, n�o lhe gerou a menor curiosidade.

Tive febre. Quis morrer. Xinguei a estupez de meu cora��o. Mas nada adiantou. Passei noites febris escrevendo-lhe magn�ficas poesias que ela nem sequer lia. Ela era apaixonada por um cantorzinho de sertaneja l� da cidade, com cabelinho arrepiadinho em cima e compridinho atr�s.

Foi ent�o que resolvi usar todo o meu poder de pensamento para aliviar este duro golpe no vaidade. Conclu� que n�o estava apaixonado por exatamente por ela. Amava a uma bunda e um par de seios que, por ironia do destino, tinham como senhores um c�rebro est�pido, e um ouvido mais es�pido ainda.

N�o adiantou.

Hoje sou rabino, e todo fim de semana, vou bater minha cabe�a na parede das lamenta��es, para que a dor na teste sobepuje a dor em meu peito.

4:05 AM



Franz Schubert

As sonatas para pinao D 537 e D 959 de Franz Schubert s�o as obras mais bonitas que os meus ouvidos j� escutaram para este instrumento m�sical. � muito dif�cil, infelizmente, encontr�-las no Brasil.

N�o vou ficar queimando as pestanas para exprimir o inexprimivel. Julgaria inapropriado atribuir a estas obras outros predicados tais como intimista, emocionante, dram�tica, subjetiva, sublime, atormentada, profunda, tempestuosa ou agridoce. S�o simplesmente e puramente belas. N�o uma beleza boba como a da Kelly Key. Pelo contr�rio, � uma beleza t�o infinita que faz com que me esque�a da pr�pria Kelly e tudo aquilo que eu posso fazer com ela: infelizmente nada. E a beleza, como bem percebeu lorde Henry, aquele sagaz picareta, n�o pede justificativa.

3:37 AM


quarta-feira, fevereiro 12, 2003
A mulher, eu e o deserto

Estava nu em um deserto. Areia amarela, o c�u anil e o sol, aquela bolona de fogo a queimar tudo. Meu pinto era enorme e, por sorte, mijava �gua fresca e pura. Era uma verdadeira mangueira.

Encontrei, ent�o, no horizonte, um vulto. Aproximei. A cem metros a figura tornou-se n�tida. Era uma mo�a. Nua e bela. De cabe�a baixa, a fitar com os olhos castanhos a areia amarela, fina e fofa. Assim que cheguei bem pr�ximo dela, dei-lhe um chute na lateral de sua bunda com o peito de meu p�. Ela ent�o come�ou a chorar baixinho, dando pequenos solucinhos, enquanto rolavam-lhe na face morena algumas l�grimas que reluziam belamente a luz solar.

Fiquei com pena. Perguntei-lhe se estava com sede. Como dissesse que sim, ofereci meu enorme pinto para que ela bebesse de sua �gua, t�o limpa e t�o fresca. Ela bebeu muito, refrescou-se inteira, e ainda aproveitou para lavar o rosto e molhar tamb�m seus cabelos compridos, que caiam-lhe em suas costas, fazendo cosquinha em sua t�o am�vel bunda.

Como fui aben�oado de mijar �gua fresca em um deserto, ela resolveu me acompanhar.

E assim andamos juntos por aquele deserto escaldante por tempos imemor�veis.

�s vezes, dava-lhe chutes com o peito do p�, que estralavam em suas voluptuosas ancas. Ent�o ela chorava baixinho, mas logo depois voltava a me seguir, pois eu mijava �gua fresca naquele deserto t�o amarelo e azul.



12:29 AM



Do Papel Higi�nico

Se tem uma coisa que me incomoda profundamente � a forma como os pr�-socr�ticos fazem a refer�ncia bibliogr�fica. Um descalabro. Voc� est� sentado, na sua confort�vel poltrona, lendo um bom Xen�fanes ou mesmo um Her�clito, fumando daquele cachimbo, cuja fuma�a se condunde aos pensamentos, e subitamente, como num coito interrompido, se depara com uma refer�ncia bibliogr�fica malfeita � e isso quando tem refer�ncia, diga-se de passagem. Com certeza FAPESP nem institui��o nenhuma aceitaria uma bagun�a destas.

Hoje em dia n�o se discute mais met�fisica. A baga�a agora � a fome. �Tenho quatro bocas para alimentar� diz, ou melhor, grunhe o pai de fam�lia nordestino (enquanto a c�mera da um close na banguela do sujeito) no honor�vel Jornal Nacional.

Uma mente l�cida percebe com facilidade que todas essas quest�es relativas � fome dizem respeito a dois �rg�os humanos: boca e est�mago. Mas se, ao contr�rio dos �esp�ritos superficiais�, formos ao fundo da quest�o, no bojo mesmo, passando pelo intestino delgado e grosso, chegamos a uma outra quest�o muito mais s�ria: o papel higi�nico.

Acredito que, atualmente, existe uma porcentagem muito maior de pessoas sem papel higi�nico do que sem comida, quer se trate de farinha ou mesmo aquele cactos conhecido popularmente pelo nome de xiquexique (cuja capacidade nutricional, ainda n�o foi devidamente estudada).

Os intelecutais enchem a boca de saliva para falar que matar fome � dar dignidade. Para mim, dignidade mesmo � ter bid� em casa. Em outro artigo, que venho cuidadosamente preparando, pretendo estudar a fenomenologia do bid�, seguindo a linha investigativa de Bachelard. "Existe bid� sem cu?", "A for�a do jato de �gua influencia na viagem dos que nele est�o sentados?", "Bid� realmente relaxa ou � s� supersti��o?" "Qual a rela��o entre o bid� e cosmos?" "E entre o bid� e o jacar�?" Estas e outras perguntas ser�o desdobradas, bem com as pregas, no meu pr�ximo artigo. J� tenho o t�tulo: �O bid� e o devaneio�.

Na aus�ncia de bid�, papel higi�nico serve. Mas n�o se engane, n�o � qualquer papel higi�nico. Recomendo aqueles com beb�s ou criancinhas bem fofinhas na embalagem. J� o papel higi�nico arom�tico, por outro lado, penso ser mais uma destas esp�cies intoler�veis de pervers�o do gosto e dos sentidos:

�Vem c�, querido, fa�a-me uma boa cuzete�
�Querida, voc� limpou o seu rabinho com o papel higi�nico de p�ssego?�
�Sim, todinho para voc�.�
�Eu te amo, amor.�
�Eu tamb�m te amo.�

N�o consigo ver outro uso de tais pap�is higi�nicos. Ainda assim, n�o duvidaria que, assim como acontece com as camisinhas, um dia encontremos na prateleira dos supermercados pap�is higi�nicos com sabor: �uva flavor�, �morango silvestre�, ou �chocolate meio amargo�. Um nojo, e simultaneamente, o fim.

Eu - n�o posso omitir - fa�o parte de um grupo mais antigo, de cunho mais conservador, cujas imposi��es ao cuzete se resumem �, tal como conhecida pelos eruditos: lavagens anus, com Dove - n�o podemos esquecer.

S� para fechar, proponho que ao inv�s de folhas de papel A4, o governo imponha uma lei obrigando que todas as teses sejam impressas em papel higi�nico. Assim, ap�s a defesa de tese, estes pap�is seriam enviados a entidades respons�veis pela divulga��o dos artigos nas zonas menos privilegiadas do globo. Desta forma, promoveria-se o bem estar do corpo, em particular, do cu dos desprivilegiados, n�o exatamente dos sem-terra, mas dos sem-bid�s, e como n�o? -tamb�m das gavetas p�blicas.

12:01 AM


segunda-feira, fevereiro 10, 2003
Nhac nhac nhac
6:29 PM




Jet-Ski e a imortalidade da alma

Abro um blog e dou de cara com a seguinte frase: �Quem andou de jet-ski jamais far� contribui��o alguma para a humanidade�. No mesmo instante minha consci�ncia faz corriqueira visita ao arquivo de minha mem�ria e, para seu espanto, l� encontra a prova do crime, a seguinte imagem: eu andando de jet-ski, no maior g�s, jogando para tr�s de mim jatos de �gua, o vento forte batendo no meu corpo, e uma gostosa de biqu�ni me esperando na borda do rio, enquanto o Sol, este privilegiado, acaricia com seus dedos luminosos, as curvas da morena. Bom, a parte da mulher me esperando de biqu�ni n�o passa de marmelada. Mas a parte do jet-ski � verdade.

Logo, devo admitir com um certo amargor entalado na garganta: n�o contribuirei em nada � humanidade, pois andei de jet-ski. E, isso, saibam, me incomoda profundamente. Aqueles que me conhecem, sabem que desde bambino sou acompanhado de um monstruoso sentimento, o de que nasci para fazer contribui��es � humanidade. Todo dia, por exemplo, assim que acordo, a primeira coisa que penso ao abrir os olhos, ou at� mesmo antes de abri-los, �: �Como irei contribuir para a humanidade?�

E agora, meus amigos, o que eu fa�o? - se pudesse juro por tudo quanto � mais sagrado que apagaria de meu passado aqueles momentos malditos de alegria descompromissada, ing�nua, naif mesmo, em que eu, um moleque que na inconseq��ncia dos dezessete anos, andava todo feliz de jet-ski e apenas achava �massa�. O melhor seria ter pegado minha barra-forte e zarpado diante da vis�o deste objeto esp�rio, o jet-ski.

Talvez simplesmente n�o tenha entendido a afirma��o contida em tal blog. � bem prov�vel que o que autor queira dizer � seguinte. O jet-ski, por ser dotado do predicado da extens�o, influencia atrav�s da gl�ndula pineal, o cogitus daquele o usufrui, tornando-o, com efeito, incapaz de qualquer contribui��o � humanidade.

Para mim, foi um golpe duro de aceitar. Para aqueles que nunca andaram, um aviso apenas: fiquem espertos, lembrem-se do Collor andando e fazendo o V de vit�ria com os dedos. De fato, se esse governo fosse s�rio, teria colocado por escrito, ao exemplo dos cigarros, o tal alerta, em letras garrafais, para que o cliente esteja c�nscio daquilo em que est� mexendo.

O fato � que, para mim, � tarde. N�o me resta muita coisa a fazer. Talvez bata um papo com minha amiga macumbeira, para ver se existe um �trabalho� que me liberte deste cruel fado. Se voc�s querem saber bem a verdade, confesso, estou desesperado. Para se ter uma id�ia do grau de minha lam�ria, digo apenas que, ap�s a leitura, fiquei sendo assediado, de minuto em minuto, pelo prel�dio de um perigoso pensamento: o de me enforcar no p� de melancia.

Devo comentar que o blog que me serviu de inspira��o a este post � um bom blog. V�rias coisas interessantes podem ser observadas em seu interior

6:08 PM


segunda-feira, fevereiro 03, 2003
Jacu

A grande maioria das pessoas com que convivo s�o jacu. Desculpem-me se n�o coloco o termo no seu devido plural. � que julgo imposs�vel dizer �jacus�. N�o faz sentido, soa latim: �jacus mundi est�, acaba dando um ar de coisa chique, desviando de seu sentido original.

O que � ser jacu? Penso ser imposs�vel precisar seu significado. Jacu � um daqueles conceitos irredut�veis, que n�o permitem a troca por um sin�nimo sem que o termo sofra s�rios preju�zos.

Enfatizo, n�o h� condi��o de traduzi-lo para qualquer outro idioma. A �nica forma de um idioma entender o que � jacu seria apropriando-se do termo e incluindo-o em seu vocabul�rio. Se � que as palavras s�o mesmo v�rus, basta infectar a outra l�ngua para que esta seja contaminada. �Are you jacu?�. Embora seja bem prov�vel que o franc�s ofere�a menos resist�ncia, dada sua sonoridade: �Je suis beaucoup jacu�.

N�o h� outro meio, s� atrav�s da conviv�ncia emp�rica com essa palavra o seu conte�do pode ser, digamos, intu�do. Na verdade, nem � de todo correto enunciar a senten�a acima citada. Pois no caso de jacu, significante e significado est�o terminantemente unidos. Erro grosseiro julgar que jacu seja semelhante a uma bolsa onde se guarda algum conceito, ou o conte�do da jacuzisse. Jacu � a soma do conte�do com o continente. Isso � jacu.

Bom, como ia dizendo, boa parte de meus amigos s�o jacu. Espero que depois de toda essa explica��o sofisticada, eles n�o se sintam ofendidos, posto que jacu � algo muito complexo, dada a sua simplicidade. Espero tamb�m que n�o pensem que um dos componentes deste predicado a que lhes atribuo tenha a ver com caipira, ignorante, xucro, muito menos med�ocre. Nada mais al�m de ser jacu.

� importante salientar, antes que me esque�a, de que n�o consigo pensar em um ant�nimo de jacu. Talvez caju. Mas a� j� � criancice, j� passamos da idade, essas coisas. O fato de uma algu�m ou algo ser jacu n�o exclui, em hip�tese alguma, a possibilidade de receber qualquer outro adjetivo, seja l� qual for. Podemos dizer, e isso � bem verdade, que alguns outros predicados sentem por jacu uma esp�cie de for�a de repuls�o, n�o impedindo, contudo, de coexistirem. Nenhum problema, portanto, em dizer algo como �Ele � jacu, triste e elegante�. Concluindo: h� um campo de for�a com caracter�sticas particulares em torno jacu. Inferir que um homem jacu n�o possa ser triste � o mais puro preconceito.

Ent�o que assim seja. Termino com abra�o apertado para todos os meus amigos jacu.


9:22 AM


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