!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Antigo blog do pulmao




























Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
domingo, junho 29, 2003
Parte 1

Ontem fui numa festa numa REP chamada Ursa Maior. Open bar, doze reais para homem. Sete para as mulheres. A festa estava boa. As quatro da manhã, a casa inteira cheirava vômito. Uma menina gordinha, baixinha, bonitinha, de casaco preto, simplesmente tombou na nossa frente. Um amigo deu a mão para ela se levantasse, mas praticamente não adiantou. Eu que estava do lado também dei uma ajuda à garota, que não conseguia achar o cigarro no bolso da jaqueta.

Enquanto ela justificava a situação embaraçosa, dizendo que era a primeira vez na vida que ela ficava daquele jeito e tal, eu fui colocando o cigarro na boca dela. Acendi, e recomendei-lhe fumar o cigarro até o fim, seria a melhor coisa para melhorar da bebedeira. Percebi que ela confiava em mim. Deixamo-la em pé, escorada na parede para não cair, enquanto ela fumava o cigarro com uma cara de boa menina. Uns quinze minutos depois ela jogada no corredor, com uma poça de vômito do lado esquerdo, e algum de seus amigos sentado no lado direito, tentando cuidar dela.

Não entendi nada a hora em que cheguei na festa. E fui embora entendendo muito menos. Lembro-me de não sei quem que ficou falando para eu “enfiar o pinto”. Todas as conversas eram abreviadas, eram lapsos de conversa. A grande maioria dos diálogos não passava de clichês. Senti, nesta hora que Hume estava certa: o eu era um feixe de percepções, umas mais fracas outras mais fortes.

De qualquer forma o som estava bom. A banda tocava boa música. Coisas desde o inteligentíssimo Cazuza até Queen. Tive bons momentos quando tocou “Bichos escrotos” dos Titãs. Maior barato: “Bichos escrotos saiam dos esgotos, bichos escrotos venham enfeitar, meu lar, meu jantar, meu nobre paladar”, “Oncinha pintada, coelhinho peludo, vão se fuder”, “Ratos, saiam dos sapatos, dos cidadãos civilizados”.

É música é legal, numa festa como aquela caia bem. Mas devo dizer aqui que sou sim um cidadão civilizado. E mais: acho que é bom ser um cidadão civilizado. Gosto mesmo da civilização, de arquitetura, de filosofia oriental, de pintura, de teatro, de gastronomia. Pena que não é sempre que tenho cabeça para isso.

3:32 AM



Hoje fui ao teatro. A peça foi maravilhosa. Me falaram que era teatro gestual da escola francesa. Assim que soube que ia rolar o tal teatro, já fiquei imaginando que seria a melhor opção para a noite. Sempre é bom um teatro bem feito.

Um amigo meu passou em Casa. E zarpamos para o teatro. Erramos o caminho para chegar no Teatro Municipal. Aliás, erramos diversas vezes. Mas o pior foi o último erro. Estávamos a alguns metros do teatro e, não me pergunte que raciocínio nos levou a tal escolha, entramos numa bifucarção errada, que seguia o sentido oposto ao teatro (e todos sabíamos a direção do teatro). Foi a própria visão do inferno. Uma fila de carros que parecia não ter fim andava vagarosamente, e nem um lugarzinho para estacionar.

Nossos sentidos não queriam acreditar naquilo. Era carro que não acabava mais. Para nós, foi um choque: o teatro gestual era paixão popular! Mas assim que a fila foi prosseguindo, “bom senso”, aliado ao “desconfiômetro” descartou a hipótese de que havia no mundo tanta gente interessada em tal tipo de espetáculo. De fato. O mistério tinha sido solucionado. Uma quermesse, num lugar de Ribeirão chamado Sete Capelas, se descortinava em nossa frente.

Para piorar a situação, a menina que estava conosco no carro estava precisando com urgência ir ao banheiro, para tirar água do joelho. É a pior sensação do mundo, nada podia ser feito. Estava realmente desesperada. Assim, logo que saímos do tráfego em frente à quermesse, paramos em frente a um restaurante, para que ela fosse ser feliz no banheiro.

E ela foi ser feliz. Quando voltou, não pude nem reconhecê-la. Era uma nova mulher, de bem com a vida, disposta, com uma excitação infantil com relação à peça de teatro que iríamos assistir.

Então pela segunda vez pegamos a avenidona que desembocaria no teatro. Combinamos entre a gente que nada tinha acontecido. Decidimos, por comum acordo, que iríamos esquecer do que tinha ocorrido, e que, o que de fato havia acontecido fora que o motorista atrasou para passar em casa. Era passado melhor, mais confortante: qual o problema em adotá-lo como verdadeiro? Lógico que aproveitei a oportunidade para reclamar com o motorista pelo seu atraso.
- Porra meu, você é foda, agora a gente vai chegar atrasado no teatro.
- É que o Anselmo demorou no banho.
- Beleza.

Do pessoal que estava indo, eu era o único que não tinha convite. Além de não ter convite, eu também não tinha carro. Se o teatro estivesse lotado, eu iria ter que inventar alguma coisa para fazer. Como nós estávamos atrasados e o pessoal não tinha estacionado ainda, resolvi sair do carro e ir antes de todos ao teatro, para tentar garantir o meu bilhete.

Deu certo. Fui entrando e dei de cara uma figura estranha, o responsável por conduzir os atrasados aos acentos da peça, de modo a não incomodar nem o público nem os atores. Era um sujeito duns trinta anos de idade, gay assumido, cabelos amarelos, dessas figuras que nunca são vistas em outros lugares que não sejam portas de teatro ou vernissage de arte conceitual.

Ele aproximou-se de mim e falando bem baixinho para eu seguí-lo. Eu disse bem baixinho e com muita tranqüilidade que estava esperando uns amigos, que estavam estacionando o carro. Então ele ficou irrequieto, deu uma contorcidinha e respondeu-me que não poderia entrar depois que a peça já tivesse começado. A fim de acalmá-lo, fui tranqüilamente, como se nada estivesse acontecendo, comprar uma água. O sujeito do bar, um homem gordo de óculos, com aspecto amigável, entregou-me a água e disse-me, baixinho, com um certo de tom de satisfação, que eu poderia entrar na peça com a água. Achei curioso que ele me dissesse isso com tanta satisfação, parecia até orgulhoso, como se dissesse: “Aqui o pessoal confia em você, eu consegui fazer com que meus clientes possam tomar água enquanto assistem ao espetáculo”.

Entramos naquele ambiente escuro e avistei lá na frente às luzes do palco e as duas figuras que não pareciam seres humanos, mas uma nova concepção de ser humano, algo entre o desenho animado, teatro japonês e cinema impressionista alemão. Fiquei deslumbrado. Tudo me pareceu um sonho. Cheguei a sentir vertigens com aquela situação, sentindo uma espécie de emoção rara, um sentimento de beleza onírica. A melodia dos corpos, a música, o figurino, a iluminação, formavam algo de mágico. Sem dúvida, algo de mágico estava acontecendo ali na frente.

O espetáculo foi genial. Talvez uns dos melhores que eu assisti na vida. Considerava-me uma pessoa muito privilegiada por estar ali, sentado, consumindo uma arte perfeita. Quando o espetáculo acabou, senti que eu era uma pessoa melhor, que o mundo não era tão mal como parecia. O mundo oferecia-me suas delícias.

É difícil dizer a peça a que assisti era apenas uma peça de teatro. Os atores tinham uma sincronia perfeita dos corpos, como se seguissem uma partitura, e por muitas vezes o espetáculo se aproximava mais de uma dança contemporânea. A música era lindíssima, e ao mesmo tempo muito estranha, muito música bem moderna, dessas que fazem barulhos estranhos que causam na alma uma sensação de atmosfera irreal, um pouco parecida com algumas músicas de Nana Vasconcelos. A música fora elaborada apenas para a peça. Do início do projeto até a execução da obra foram dois anos. Os dois atores eram os próprios diretores.

Aquilo sim eram dois atores de verdade. Monstros da arte. Não havia uma gota de amadorismo sequer. Eram perfeitos. O domínio de seus corpos pode ser comparado o domínio que um grande músico tem de seu instrumento. O fruto de anos e anos e anos de treino. O ritmo da peça era magistral, absorvia por completo o espírito, gerando no espectador aquela simpatia infinita, base de tudo o que é bom. Alma diante de algo tão maravilhoso, entrega-se, e o tempo deixa de existir.

Como se não bastasse, o conteúdo era claro, limpo, evidente por si mesmo. Cheio de significado. De significado certo, justo. O uso da palavra na peça só iria empobrecê-la.

3:28 AM


segunda-feira, junho 16, 2003
Recreio

Encontrei ontem no recreio do jardim, uma fada. Uma fada linda, linda, linda. Fiquei olhando a fada. E ela ficou fadando para mim. Daí, passado um tempo, nós fomos para longe, para muito longe, num lugar que eu acho que ninguém nunca foi.
Aí eu disse para fada:
- Às vezes eu acredito que quando a gente olha para a Lua, a gente se torna um pouco a Lua.
- Bobinho, porque você fica pensando nessas coisas.
- Às vezes eu acredito que se a gente consegue ver o Sol, é porque há um pouco de Sol no nosso olho.
- Bobinho, desencana.
- Às vezes eu fico pensando que o sentimento de eu nada mais é que um feixe de sensaçõess.
- Que isso! Vem cá e me ama no chão. Quero ser sua. Quero ser sua cadela, sua escrava, quero até mesmo o sofrimento, se esse sofrimento provier por você, pode me comer do jeito que você quiser, pode fazer o que você achar melhor. Pode me bater, pode me chicotear, pode me amarrar, me estuprar, me maltratar. Pode enfiar seu membro na minha boca que eu o chuparei olhando para seus lindos olhos.
- Vai tomar no cu! Sua cadela biscate! Eu estou falando um monte de coisa importante e você, sua fada vadia, só fica falando em foda. Puta que pariu, meu! Cansei, já que você não quer conversa, vem cá. Tira a roupa que eu quero comer esse seu corpo perfeito. Você vai ter o que quer.

6:13 AM



Engoli

Engoli duas copadas de l�grimas esta da manh�, no caf� da manh�, l� pelas onze e meia. Voc� acha que isso � forma de acordar? L�grimas com maconha? Logo no caf� da manh�? N�o, disse para mim mesmo, num di�logo travado c� no cora��o. De hoje n�o passa, tenho que dar um jeito nisso de uma vez por todas. Assim, com decis�o estampada no sobrolho, fui at� a cozinha e preparei uma magn�fica salada.

E comi apenas salada. Degustava cada mordida, sentia os vegetais ro�ando o interior de minha boca. Esmagava com meus molares a cenoura numa mordida leve e ao mesmo tempo decidida. Aquele instante era meu. Era o instante presente: eu e a comida num �love affair� invej�vel. A comida era limpa, t�o limpa que poderia coloc�-la na boca, esperar um tempo, e apreciar cada detalhe, consist�ncia, forma e brilho, tal qual buceta de mulher amada, momentos depois do banho.

Como disse, apreciava o alimento em todas as suas express�es f�sicas. E agora, falando isso, fico a pensar: numa pr�xima vez n�o seria m� id�ia tentar encontrar nos alimentos algo al�m dos encantos sensuais: tamb�m seus encantos espirituais. N�o consigo comer tomate sem ser acometido pela fort�ssima sensa��o de estar comendo algo muito org�nico. Uma gengiva de velha, por exemplo. Cheguei at� mesmo comentar isso com minha mina, o que a fez me olhar com espanto. Mas n�o perdi minha alegria frente � grande salada.

Foi s� olhar para a beterraba para ter certeza que a alegria n�o teria fim! O jogo de cores, a textura, a consist�ncia da beterraba cozida! � muito interessante mesmo. N�o conseguimos macet�-las apenas com a for�a da l�ngua, embora tal miss�o, entregue aos nossos dentes, � motivo de risada. Um exemplo contr�rio a esta benfazeja maciez se encontra no bife servido no Bandej�o Central na semana passada, conhecido popularmente por 007: frio, com nervos de a�o. Um atentado ao bom gosto. Pouca vergonha um bife daqueles! Sei que tem muita gente passando fome no mundo. Mas o qu� o cu tem que a ver com as car�a.

E foi assim, por meio desses pensamentos estomacais, que resolvi seguir a doutrina da maciez da carne. Tanto para a carne comida, como a carne sentida, tida. Explico-me. O term�metro do meu corpo a maciez da minha pr�pria carne. Quanto mais feliz, mais macia percebo a minha carne.

E n�o podemos esquecer que a maciez muitas vezes vem depois de duros esfor�os. Ela nunca vem isolada, mas acompanhada. A carne macia possui uma maior porosidade que a carne comum. Como se n�o bastasse, � menos resistente a fortes impactos. Por outro lado, � sens�vel, assim como uma gelatina, a pequenos abalos. Um lago calmo se reparte em ondas circulares quando uma pedrinha cai sobre sua superf�cie plana.

5:56 AM


terça-feira, junho 10, 2003
Pulmao Cabeludo

Pulm�o Cabeludo j� foi corneteiro, zombeteiro, e j� se mijou de rir da desgra�a alheia. J� foi isso, e j� foi aquilo. Mas aos poucos sinto que ele deixa de existir. Hoje, quando se v� no espelho, nada mais vejo sen�o um borr�o, um "vurto", como dizia a nossa senhora Guiomar Tabeir�o.

Seus passos surdos s�o quase impercept�veis. Sua tosse est� muito abafada pelo excedente de cabelo no pulm�o. Sua vida. Qu� vida? S� pensa na morte. Todos os dias antes de cagar, ele pensa na morte. E s� ela lhe alivia o cora��o bumbumbum.

Pulm�o � como um palha�o sentado no picadeiro ap�s terminado o espet�culo. Ele senta, na imundice das pipocas e come�a com desgosto a fumar um. Olhando para o nada, ele repete para si mesmo. Sexo. Sexo. Sexo.

Corre at� o puteiro e ama por uma noite. Ou melhor, por algumas horas. Melhor ainda, por alguns segundos. Devido a impaci�ncia para ficar muito tempo metendo.

Pulm�o � aquele ser que desce do fundo da podrera e v�m queimar o filme de seu Criador. Eu mesmo.

E o Criador responde: Foda-se o filme.

1:56 AM


segunda-feira, junho 09, 2003
Gasoduto

Antes eu adorava escrever no blog, agora j� estou meio enjoado disso. N�o sei exatamente o que que � que se passa comigo. Acho que � uma coisa simples: sinto falta do gosto de escrever. Tamb�m sinto falta do gosto por falar e conversar, antes adorava conversar, agora j� n�o estou nem a� para isso. Acho que o que falta mesmo � cerveja na minha vida. Tenho bebido pouco nas �ltimas semanas devido graves problemas no est�mago, uma esp�cie de gastrite cr�nica, o fruto podre de uma dieta desequilibrada, a base de cogumelos, anfetaminas, ervas finas, e X-tudos nadando na maionese de madrugada.

Cada um colhe aquilo que plantou. E o apressado come cru. S�o algumas m�ximas que minha l�ngua nunca cansa de recitar para os outros e para si mesma.

Uma coisa que est� me incomodando esses tempos � a falta de tempo. Sinto muita falta do tempo. O tempo, para mim, � um problem�o. A minha no��o de tempo � muito torta. Os problemas futuros chegam at� o presente com facilidade. � com grandes esfor�os da vontade que expulso da minha mente os problemas futuros. Porque se deixar, fico o dia inteiro batendo punheta com os problemas futuros, um h�bito horroroso.

A vida inteira tive medo do futuro chegar. N�o sei se por ironia do destino ou por fatalidade mesmo, ele nunca chegou. Desde de que me lembro como gente sempre vivi no instante agora. Mas n�o pense que eu sei. � preciso plantar para colher. Eis o paradoxo.

� preciso plantar para colher. Mas n�o � preciso colher para comer.


1:50 AM


segunda-feira, junho 02, 2003
�s vezes

Tem vezes que me d� uma bruta vontade de ser uma pessoa simples. De escutar r�dio deitado na cama. De pensar no futuro. De sorrir ao olhar para o c�u. Queria fazer planos e ter esperan�a neles. Queria (um pouco mais no futuro) ter filhos e lev�-los ao zool�gico no final de semana. Gostaria de acreditar na vida e de sonhar com um carro novo. N�o s� sonhar mas lutar e batalhar por este carro novo.

Queria uma mulher de verdade e n�o uma de mentira. Uma mulher bonita, inteligente, que ame a vida e acredite no amor. E, principalmente, que acredite no amor que ela tem por mim. Amarei essa mulher e com ela me casarei, e apesar de toda a maldade no mundo, estaremos sempre juntinhos. E quando o frio chegar, me aquecescerei em seu colo cheiroso.

Amo essa mulher. Ah, se voc� soubesse como eu amo essa mulher de olhar radioso! E como me admiro de sua alegria f�cil, de menina esperta que sabe driblar o mundo. De sua doce leveza e ao mesmo tempo de sua for�a que me faz sentir vivo, muito vivo. Ela vem e marca minha vida.

Para dizer a verdade, meu amigo, amo com dificuldade. Estou longe da perfei��o. Mas isso n�o me impede de melhorar. E isso n�o me impede de ler e gostar de livros de auto-ajuda.

Sei l�! �s vezes tenho um gosto estranho. Por exemplo. Quero que minha vida seja uma novela.

Bricadeira, n�o quero que minha vida seja uma novela n�o. Deus me livre! Mas j� conheci uma pessoa que queria que a vida fosse uma novela. Um drama mexicano, para ser mais exato. Era uma pessoa interessante, que n�o diferenciava o mundo de um palco. Mas, sim, onde eu quero chegar com isso. Ah! Acho que eu estava falando do que eu queria. Pois bem, continuemos:

Queria n�o ter tanta vergonha do que sinto. E queria n�o precisar de escrever aqui meus sentimentos.

Realmente, concordo, n�o preciso, e se escrevo, escrevo porque quero. E se quero: faz� o qu�?

Queria dizer "ent�o �, podemos acabar por aqui" este email. E ent�o ele chega no fim. No fim. E quem est� no fim? Quem? Juro que a finitude de tudo n�o me deixar� mais t�o triste.

Mas isso �s vezes. �s vezes.

3:43 AM


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