Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.
Estou em La Paz. A cidade é realmente alta. Mesmo tomando remédio para altura, saí do Bus meio grogue, por instantes pesei que fosse desmaiar. Chegar a La Paz é muito interessante. A cidade fica praticamente em um enorme buraco, as casas parecem caixas de sapatos em pé, todas marrons, subindo pelas montanhas. Quase todas as pessoas na rua tem cara de Bolivianos. É impossível esquecer que voce está na Bolívia, a música típica, o frio de La Paz, a roupa colorida das cholas.
Estou convencido que o espanhol é uma lígua para criancas. Nunca vi criancas falarem tao bonitinho quanto aqui. Todas as criancas do mundo deveriam falar apenas espanhol, e depois a lingua de seu pais. Chiquititos! Oba! Oba!
Uma coisa muy buena de La Paz é que é frio aqui. Corumbá e Porto Soares foram as cidades mais quentes que conhece ao longo das voltas que dei pelo Sol. Sem dúvida o frio é muito melhor.
Ainda pretendo falar do trem da morte, mas nao sei se tenho folego nem palavras. O trem passa no meio da selva e para em cada tribo de bolivianos. Para entrar duas pessoas, para entrar quatro pessoas. As pessoas dormem no meio do chao, entre um banco e outro, em pé. Milhares de caixas vao junto com os passageiros. Uma mulher levou tantas caixas que dormia em cima dela, a mais de um metro de altura. Os policiais pediram para ver o que tinha dentro. Ela entao comecou a gritar com o policiais, desesperada e nervosa, daí os policiais desistiram de olhar e continuaram andando. É mais ou menos assim a Bolivia.
Conversei com alguns bolivianos e contei coisas sobre o Brasil. Eles ficaram impressionados com o desenvolvimento do Brasil, uma grande potencia, um país sério. A minha imagem do Brasil esta mudando. Estou investigando, mas cada vez mais sinto que os bolivianos nao acreditam no dinheiro. É meio complicado, depois tento explicar. Talvez os campesinos, que sao os plantadores de coca acreditem. AInda estou investigando.
Estou na Bolívia. Agora em Santa Cruz, se tudo der certo, amanha La Paz. Penso em escrever as impressóes da viagem. O Boliviano é o povo mais paciente do mundo. O trem da morte atrasou oito horas e demorou vinte e duas horas para fazer setecentos quilometros. Pero, os bolivianos do trem pareciam tranquilos, dormindo por cima de caixas e sacolas. Conversei com um e ele me disse que achava os ¨brasileños muy griton¨. Agora tenho que desligar que o tempo está se esgotando.