Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.
Onde foi que aprendi que s� porque escrevo tenho que ficar fazendo careta? N�o h� rela��o necess�ria entre as duas coisas, s� na minha cabe�a essas duas coisas guardam rela��o entre si. Mas o pior mesmo talvez � ficar fazendo micagens na frente desse computador.
E se eu chegar e disser que estou com saudade, e da�? Seria, por um acaso bonito, gastar minha saliva na express�o de meus sentimentos? Ou melhor seria cantar a cidade, a cidade natal, com todo seus pres�pios e presepadas. Ou uma escatologia grossa, bem grossa mesmo.
O neg�cio, pelo que estou vendo, ao menos na vizinhan�a, � xingar ou reclamar. N�o xingo muito a grande m�dia, pois fujo dela. Evito assistir televis�o, ouvir essas r�dio bazelas que tocam nas cidades onde habito. De vez em quando, leio um jornal, para ficar a par do acontece num neg�cio que chamam mundo. Mas qual a import�ncia de criticar os tribalistas? Quando estou em festas e vejo que m�sicas podreiras t�m o poder de fazer chacoalhar a bundas femininas, fico feliz. Uma felicidade de cachorro, mas, todavia, uma felicidade.
Se todo mundo tivesse bom senso o mundo seria mais chato. Gosto da minha amiga, a Sabrina. N�o gosto de sua bunda: acho sua bunda muito metida. Mas me recuso a v�-la na televis�o. Tenho coisa melhor para fazer. Se n�o fosse atrav�s das festas que freq�ento, desconheceria todas as m�sicas do momento.
Algo interessante � a filosofia Bitnik. Eles, ao contr�rio dos hips, querem que o mundo se foda, n�o pretendem mud�-lo, desde que consigam viver � margem, ou n�o, da sociedade. Posso estar enganado quanto �s pessoas e aos r�tulos, mas n�o estou enganado quanto � id�ia: querer mundar o mundo � t�o sensato como querer ter cabelo no pulm�o. A coisa mais importante do mundo sou eu mesmo.
E o Valdir subiu as escadas, longas escadas. L� de cima, viu o mundo l� embaixo. Parecia uma bola multicolorida o mundo. E o mundo era mesmo uma coisa assim. Valdir era um animal de m�dio porte, poucos pelos, e uns �culos grandes. Seu nariz era uma esp�cie de buraco.
Mas � um absurdo! Onde foi que eu aprendi a ficar com estas coisas est�pidas.Quem se importa com Valdir?
Por isso que penso que a �nica leitura que valha a pena ler � a de auto-ajuda. � por esta raz�o que gosto tanto de Schopenhauer e Nietzsche. Ou pelo menos esta leitura seja fonte de prazer imediato. Tem tamb�m a leitura que serve para ensinar.
O leitor que l� torna-se o espectro do escritor, j� dizia seu velho Bachelard. E todo leitor apaixonado alimenta um desejo secreto de ser escritor. Mas a leitura de coisas maravilhosas � como um balde de �gua fria em sua cara.