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Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
segunda-feira, abril 28, 2003
A impossibilidade da palavra

Estou na sala de computa��o, ao meu lado algumas pessoas est�o em outros computadores. S�o fantasmas, espectros perdidos na superficialidade do mundo, marionetes de um destino atroz. Este tema, famoso nos idos tempos do romantismo, sacralizado por E. T.A Hoffmann, os Shelleys e outros, ainda merece destaque. N�o podemos dar o luxo de abandon�-los.

Ora, estes homens n�o se cansavam de afirmar que s�o aut�matos todos os que n�o conhecem a grande Filosofia. Seu fundamento: amor e liberdade. Amor? Liberdade? Sim. E estes conceitos chaves s�o bem mais complexos do que sua apar�ncia sugere. Por ora, detenho-me � liberdade. Embora os discursos corriqueiros que lhe dizem respeito n�o passem de verborragias isentas de conte�do, ainda assim t�m o poder extrair das estranhas dos incultos uma raiz de emo��o. Ao escutar que algu�m morreu pela liberdade, a esperan�a aquece o cora��o e a estupidez sobe para a cabe�a.

� por isso que tomo como dado de realidade a exist�ncia de palavras-emo��es. S�o palavras que atuam no sistema emocional, mas que suportadas pela raz�o devido a um outro efeito produzido por ela: uma sensa��o de entendimento. � o tipo de coisa que sai diariamente da boca dos n�scios: "Eu entendo mais n�o t�m palavras para explicar".

O poder afetivo que certas palavras possuem prov�m, sem d�vida, de associa��es pavlovianas simples. A palavra se liga ao seu contexto, tomando de empr�stimo a emo��o da circunst�ncias. A presen�a de uma emo��o, em primeira pessoa ou mesmo tomada do ponto de vista fisiol�gico, n�o � mais complexa do que um salivar de cachorro pavloviano ao escutar a companhia, ou um cachorro abanar o rabo na vis�o da coleira.

Tanto o erudito quanto o artista n�o est�o destitu�dos destes mecanismos. O que diferencia-os � a presen�a de uma caracter�stica a mais, dir�amos, a alma no�tica. Esse acr�scimo da personalidade consiste simplesmente numa postura negativa diante de si e do mundo, uma incur�vel desconfian�a. Seu paroxismo reside no m�todo hiperb�lico de Descartes, cujo efeito � cristaliza��o de uma forma de exist�ncia antes amorfa: o indiv�duo.

Mas essa negatividade n�o suficiente para a sa�de da vida. Seu �ltima conseq��ncia no plano moral seria niilismo suicida, ou cinismo de PH baix�ssimo. Aqui entra o amor.

Nada mais humilhante do que acusar algu�m de possuir o predicado da previsibilidade. E nada mais dif�cil e solit�rio do que a vida daqueles que v�em nos outros apenas espectros de rob�s. Como pode este homem, capaz de prever, isentar-se do imperioso nojo sucitado pela banalidade dos padr�es humanos. De que forma este homem, dotado de excesso de vis�o. Como amar uma mecanismos?

Alguns pensam que a espontaneidade seria o ant�do mais natural para que o homem deixe de ser um produto de um choque mec�nico entre o mundo e seus pr�prios gens. Aqui, mais uma fal�cia, pois tais conceitos n�o guardam rela��o necess�ria. Nada mais espont�neo que o comportamento animal, e ao mesmo tempo nada mais previs�vel.

A liberdade e, em certa medida, a alma, s�o resultados da desconfian�a, do desejo destrutivo, e do sentimento est�tico. Mas, de fato, n�o seriam poss�veis sem um QI elevado e uma capacidade de percep��o intra e extra-ps�quica dividida em duas partes, uma capaz de ver o mundo em conformidade com o social - uma �tica estatisticamente v�lida; e outra que o interpreta sob as coisas sob as lentes desfigurada da idiossincrasia, da fantasia e ou capricho.

11:47 AM


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