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Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
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sábado, agosto 07, 2004
Dos direitos do homem

Ao ser humano foram dados alguns direitos invioláveis. Tão universalmente válidos que certos filósofos chamam-nos de “direitos naturais do homem”. Destacam-se, dentre eles, o direito a vida e o de propriedade. Aliás, tiro o chapéu para ambos os direitos mencionados. Tenho a convicção de que, em uma civilização culta, de espíritos polidos, a validade de tais direitos passam longe de serem alvos de polêmicas, posto serem imediatamente justos a qualquer intelecto esclarecido. Todavia, há um outro direito, preterido injustamente, e, entretanto, não menos importante, a saber, o direito à estupidez.

O direito a estupidez, ouso dizer, é um dos direitos mais básicos e importantes que existem. E à medida que o tempo passa, novas atitudes estupidas são somadas aos repertório de trilhões de bilhões de atos estúpidos já feitas em todo o mundo. E assim, sua evidência se torna mais e mais gritante e nítida.

Só um monstro poderia ser contra tal direito por este blog reivindicado. Alguém que espera de si ou dos outros algo tão simples e besta como a perfeição absoluta. Tendo este ideal em vista, o indivíduo está condenado a se julgar até o fim de sua vida não outra coisa que uma bosta, peço perdão pelo termo áspero. Sim, um bosta. Dedicará seu tempo ocioso na estranha arte de causar sofrimento em si mesmo, através da divisão da consciência em duas, uma que chicoteia e outra que recebe a chicotada.

Uma personalidade como esta une em si duas qualidades que melhor seria não misturá-los. A burrice e o estoicismo. Assemelha-se a um jegue que julga, com o poder da mente, diminuir o tamanho de suas orelhas e, não obtendo êxito, julga-se imprestável, um bosta. O ideal está errado, o método está errado.

O direito a estupidez, assim como qualquer outro direito, pode sofrer de usos abusivos. Neste caso, é a má fé que ele pode suscitar, quando o sujeito passa a ser estúpido em tempo integral.

Existem duas classes de estúpidos em tempo integral. 1) Pode ser uma máscara da canalhice, como no velho truque da mão boba. 2) Apenas é um ser adepto de ideologias que pregam uma vida em harmonia com a natureza íntima do coração, agindo de forma espontânea e dando livre vazão ao que há de mais puro em si: a burrice. Então coloquemos as coisas no seu devido modo - o direito é de ser idiota de vez em quando, e não sempre. Vejam bem, não sempre.

Assim, devemos evitar fazer idiotices, mesmo sabendo que iremos mais cedo ou mais tarde cometê-las, até o fim da vida. Assemelha-se a concepção cristã do pecado – sabe-se que irá pecar. Que fique claro, nem toda idiotice é pecado, e nem todo pecado é idiotice. Mas bom não esquecermos o que ambos guardam em comum: uma idiotice feita por você, por um amigo, por um familiar, ou pela sua namorada, deve sempre ser perdoado.

Está fora de moda ser humanista. Ao longo de minha vida conheci poucos verdadeiros humanistas. Oh! Que saudade de escutar alguém encher a boca para se gabar: "sou humanista". Já faz uma década e ainda tenho clara na memória as palavras de um velho amigo: "Sim, sou um humanista, acredito no homem, e aceito-o como ele é: mesquinho, egoísta, invejoso, fraco, perdido".




12:57 AM


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