Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.
domingo, agosto 18, 2002 Hoje come�a oficialmente o blog
Espero que a partir de hoje, tendo resolvido todos os problemas relativos a hardware, software de meu PC, bem como tendo adquirido, por meio de ardorosos estudos, as no��es b�sicas para operar o template do blogger conforme a delicadeza de meu gosto, posso enfim me expressar de acordo com as leis da minha vontade. Farei, portanto, o contr�rio do que ando usando meu novo blog: usurpando, abusando, fazendo dele um local de testes inacabados, e, da�, sem um conte�do digno da aprecia��o de esp�ritos refinados, cansados de suportar grosserias baratas do dia-a-dia. Agora sinto que estou com caminho livre, que as paredes da casa est�o s�lidas, agora o meio por onde me expressarei est� ajustado com aquilo que tenho para expressar. De que serve �timos di�logos quando o ator que os expressa � incompetente, quando seu tom de voz � duro, pouco flex�vel, sua cad�ncia demasiadamente artificial? Este ator, diga-se de passagem, n�o possui aquele poder que tem os grandes atores de exercer no esp�rito dos espectadores um �xtase divino - algo como um poder que engole, por assim dizer, a alma dos espectadores, absorvendo a aten��o dos ouvintes, despersonalizando-os, e n�o obstante, tocando suas almas, manipulando suas emo��es conforme seu gosto.
Ser� o ator um monstro? Ou um mestre na arte da manipula��o das emo��es de si pr�prio e dos outros? O desenvolver de tais quest�es inevitavelmente esbarra o fen�meno da catarse. Mas antes de desenvolver estas complexas e perigosas quest�es, que o homem saud�vel normal busca escapar, julgo de fundamental import�ncia ater-nos na problem�tica da forma e do conte�do.
Um mal ator estragaria qualquer Shakeaspeare. Temos aqui uma vers�o reformulada do velho problema da forma e do conte�do. Todo conte�do necessita de uma forma. Apesar disso, a forma n�o pode ser igualada ao conte�do, s�o dois conceitos diferentes. A �gua pode ser gelo, vapor, etc. Mas o conte�do continua, apesar das diferentes formas (ou estados) a mesma. A boa e velha �gua.
O leitor pode contra-argumentar, lembrando que o pensamento pertence a uma outra classe fenomenol�gica, com diferentes predicados, por exemplo, o da iman�ncia. Ou ainda (num jogo de palavra mais cl�ssico) que o pensamento tem uma natureza que n�o a da mat�ria.
N�o h� problema algum nisto. Categorias como forma e conte�do possuem uma exist�ncia t�o robusta quanto o conceito de substancia. Estes s�o conceitos pilares, verdadeiros blocos gigantescos de pedra soltos um infinito de ilus�es.
Mentira, o �nico conceito que tem esse grau de solidez e quanto a sua solidez desafio qualquer um � o conceito de sexualidade. Mentira. � o de energia.
Bom, ta�, energia.
Tudo � energia.