!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
quinta-feira, setembro 12, 2002
Confiss�es

Acreditei em papai Noel at� cerca de seis anos. Teria posto de lado a crendice antes, se n�o fosse a engenhosidade da arma��o que os adultos que me cercavam elaboraram. S� mais tarde desvelei a arma��o: um jovem de dezenove anos, filho de um dos casais presentes na festa, escalara o pr�dio, entrando pela sacada do primeiro andar, o local da festa.

No caso do comunismo foi um pouco diferente. Contava quatorze quando larguei o esta supersti��o. Um pouco antes disso, a professora de hist�ria havia exigido a execu��o de um trabalho. Pediu que entrevistasse um pobre e um burgu�s por meio de uma mesma pergunta. Qual seria a pergunta? N�o poderia ser outra: �O que voc� pensa sobre todas as pessoas ganharem igual quantia?� Sim, bom, muito bom respondeu o pobre.

O rico apenas olhou meio de lado e sorriu com desd�m para a crian�ada. Se tal possibilidade se concretizasse, disse ele, n�o haveria concorr�ncia. Portanto, n�o.

N�o compreendi todo alcance de sua resposta. Fui jogar v�deo-game. Era melhor do que ficar pensando no significado disso �concorr�ncia�. Para ser sincero, n�o dei muita bola para a for�a de sua resposta. Para mim ele estava era fugindo da raia.
Sorrindo enquanto tremia nervoso por dentro.

Era bem moleque na �poca, n�o pensava de modo t�o �sofisticado� como penso hoje. O quero dizer � (como ser claro?) que n�o pensava como um comunista rigidamente definido. A mais pura verdade � que eu era mesmo � baita dum cat�lico apost�lico romano, quase descambando para coroinha.

Perdoem-me. Foi at� os quatorze. Quinze estourando. Mas n�o vamos fazer deste blog um confession�rio moderno. Todos aqui j� foram algum dia idiotas, fizeram cagadas, pensaram idiotices.

Rebolaram na frente de uma pequena multid�o. E penso, a idiotia ainda persiste. Incluo-me nesta �ltima categoria. Mas se hoje fa�o besteiras, n�o fa�o sem consentimento de uma minoria: sujeitos muito honestos que riem e zombam de minha merda, por vezes bem talhada. O fino trato da merda.

Mas isso � hoje em dia. Antes n�o era assim. Era um pouco diferente. Tinha s� potencial, uma semente esperando por �gua. N�o veio �gua. Veio mijo. Mas serve.

Uma a uma, minhas cren�as foram se perdendo.
Uma a uma, minhas esperan�as foram se apagando.
Uma a uma, minhas ilus�es foram se mostrando verdadeiras bolhas de sab�o.

O catolicismo ruiu, se fez p� e sumiu. Deus tornou-se, ap�s algumas noites de perdidas l�grimas adolescentes, mais um motivo de risada, ou como gosta um certo amigo meu: �motivo de chacota�. O que me imaginava sendo em um futuro t�o distante, n�o fui. N�o fui sequer metade do que me imaginava sendo.

O conceito de verdade, �ltimo baluarte deste imp�rio de lego, foi destru�da a marretadas impiedosas daquele cujo bigode me fascinara: Nietzsche. Restou da verdade apenas uma m�sera frase �A verdade � uma mentira que n�o pode ser refutada�.

Sei l� se essa frase � verdadeira. Em todo caso n�o quero confus�o, retiro-me do ambiente, vou para meu quarto, falou galera.

Voc� pensa que � assim que se age, como uma galinha?

Tornei-me um niilista. A configura��o dos �tomos da alma se despeda�a como vaso de porcelana. Logo, besteira pura sair por a� se �aperfei�oando�.
- Vai se aperfei�oar no inferno!

9:27 PM


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