Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.
Escrever � coisa dif�cil
Primeiro: n�o se tem do que falar.
Ent�o j� devo come�ar pedindo desculpas
Antes achava que muito
Muito ainda havia a ser dito
Hoje, de barriga cheia, apenas durmo,
E lamento n�o ter o que dizer.
Mas se quiser saber,
Saber da minha da verdade,
Posso lhe contar.
Se n�o quiser saber,
Tamb�m posso te contar:
Eu nasci em 78.
Fui estimulado desde o ber�o
Fui nutrido, estudado, documentado, amado.
De cabelo penteado e dente escovado
Nisso, penso, sou igual a voc�.
Gosto de m�sica como voc�
Sou muito parecido com voc�.
Mas...n�o diga palavra.
Pequenas diferen�as � o que lhe interessa
Na verdade at� hoje estou a pensar
Se � isso mesmo que te interessa
Ou se alguma outra coisa
Eterna outra coisa
Cada vez tenho maiores certezas,
Penso que o tato � mais forte dos sentidos,
O tato me desconcentra, lan�a-me para fora de mim.
Por isso dissolvo-me, me perco, no colo da mulher que tanto quero bem,
L� � quente, gostoso, repousante,
Desejo que ela seja bem feliz
E que tenha bons sonhos
Mas vezes h� em que ela acorda
Gritando no meio da noite
Irei abra��-la. E mostrar que estou ao seu lado.
Para que se levante feliz.
E venha toda contente me beijar,
Escuto, na esquina, a voz surda de um velho rabugento,
Por sua vida particular, besta, tonta, n�o interessamos,
Queremos dar risadas.
Chego perto do velho
Ele est� deitado
Seus ossos fr�geis como isopor
Abro a braguilha
Mijo no velho.
E o contamino com meu veneno.
At� hoje nunca fui culpado.
S� uma vez.
Que a punheta me fez pecar,
Olhando pelo buraquinho do banheiro
O buraquinho da empregada.
Certa vez um �ndio lan�ou uma flecha no c�u
Que se cravou sobre a ab�bada
E lan�ou outra que se cravou na traseira da flecha anterior
At� que tantas flechas havia, enfileiradas,
Que subiu ao c�u e virou lua
N�o acredito na est�ria
A lua � dura
E apenas permanece l�