!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
quinta-feira, setembro 12, 2002
Estoritofrangalhume

Jo�o nasceu em uma cama de hospital. As paredes do hospital eram limpas. Havia um cheiro de assepsia no ar. Vinte anos depois eu j� estava estirado, drogado, sobre o banco da pra�a. Era carnaval, e havia tomado um porre de Martini.

- Puta que pariu, a Rita � muito gostosa.
- Tem o corpo perfeito. Comeria ela dia e noite.

Tinha uns quinze. E nome Rita n�o foi posto aqui por acaso. Rita era o nome do primeiro amor de que me lembro, eu devia ter uns oito anos. Nunca fiquei com Rita em minha vida. Mudei-me da cidade grande. Nunca haveria de fazer coisas com Rita. E tinha muita vontade de fazer coisas com ela.

- O P.T. � bom.
- Sim. � bom.
- � o partido dos trabalhadores.
- Sim. O povo trabalha.
Parece uma conversa de esquizofr�nico. N�o que o PFL seja bom. Mas que pol�tica � algo muito desanimador.
- Voc� n�o � engajado.
- N�o, nem um pouco. Na verdade sou. Engajado no meu pr�prio umbigo.

- O quadro apresenta uma harmonia espont�nea. As fortes pinceladas propiciam um aspecto din�mico, como se a tela estivesse viva, dando a express�o de um eterno devir que faz ressoar no bojo da alma do observador, que se det�m na contempla��o. Efeito parecido com a chama de uma vela, que parece estar parada, mas nunca realmente est�. As cores s�o fortes, primitivas, e se interpenetram, formando uma variada gama de possibilidades expressivas, que, n�o obstante, est�o sob o jugo de n�cleo centralizador que as sustentam e lhe garantem seu lugar no espa�o. Retirando-se um �nico ponto, observar-se-ia que a fr�gil estabilidade deste dinamismo equilibrado sumiria.
- Enfia o quadro no cu.

- Deus. Damos risada de Deus.
- Na porta do c�u, est� Cristo de quatro. E s� chegar enrabar, e a�, em troca, ele deixa entrar. Por isso n�o tenho o menor medo. S� eu teria coragem de comer aquele cu peludo e sujo.
- O inferno � ter que comer a m�e todo dia.

Troca o falante, algu�m que nunca entrou entra:

- Voc�s falam s� baboseiras. Querer criticar Deus � querer tornar-se Deus. � criticar o que h� de melhor em mesmo.

Nisso, come�a uma briga no local. O cara que tinha xingado Deus come�a a dar porrada, senta um puta dum murro na cara do cara que veio defender Deus. Este �ltimo se defende, pega uma cadeira que estava ao lado e arremessa sobe um dos hereges, que neste instante come�a a sangrar.
A briga continua, briga feia, soco pra tudo quanto � lado. Mas como era dois contra um, o dois acaba ganhando. Ao final, est� o defensor de Deus jogado no ch�o, suas m�os seguradas contra o azulejo, um joelho sobre a barriga pressionando-o. Olha para o lado e v� um dos caras na posi��o de que vai dar uma bicuda na cara, ou no saco. Da� eles perguntam:
- Quem est� com a raz�o?
- Voc�s!
- Pede �gua.
- �gua.
- Diz que sua m�e est� na zona.
- Ela est� na zona.
Bicudo.
- Diz por inteiro.
- Minha m�e est� na zona.
- V� se ele fez figuinhas!
- Ele fez.
Bicudo.
- Diz e, se fizer figuinhas, leva outro bicudo.
- Minha m�e est� na zona.
- Diz que Deus � viado.
- Deus � viado.

Isso aconteceu numa sala, j� faz tempo. Ap�s maltratarem o cara que acreditava em Deus, deixaram-no partir todo estrupiado, mancando. Mas da esquina, antes de ir embora, ele gritou:
- Voc�s v�o para o inferno - e saiu correndo no pau.

Fim da est�ria.

Parte Dois da est�ria.

O homem que entrou tinha a op��o de n�o entrar e n�o se intrometer na conversa. Se o tivesse feito, n�o teria apanhado.
Os dois homens que bateram nele foram para o c�u. E n�o foi � toa. Ao chegarem l�, encontraram Cristo, com seu cu magro. E tiveram coragem de com�-lo. No c�u era cheio de psicanalistas e, portanto, poderia ser removida a dor moral de t�o vil a��o, ap�s uns seiscentos anos de an�lise quatro vezes por semana.

9:41 PM


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