!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
segunda-feira, janeiro 06, 2003
Um post para todos e para ningu�m

�s vezes tenho vontade de escrever coisas muitos simples e banais. Mais simples e banais do que costumo escrever. Estou aqui em Pen�polis, duas horas e quarenta da noite. L� fora, fora do meu quarto, t� rolando a finzinho do anivers�rio de dezesseis anos meu irm�o. E eu aqui neste quarto, fechado, pensando sobre a vida.

Quer dizer, nunca penso exatamente sobre a vida. Penso ora numa coisa, ora noutra. Mas sempre fico muito desconfiado de mim mesmo. A pior coisa, talvez, seja o leitor que vive dentro de minha cabe�a. Quer dizer, � minha rela��o com meu texto e com meu blog.

Por exemplo, quer dizer, esta express�o "quer dizer" foi repetida at� exaust�o e...acaba tudo aqui, cansa, quero jogar este texto no lixo. Mas por que? � como se algu�m fosse obrigado a ler. Ou como se o leitor lesse apenas para me diminuir e torcer a cara e falar: "Que lixo, que porcaria, n�o gostei desta merda de blog, ou pior, n�o gostei do sujeito que o escreveu" Ou qualquer outra merda do tipo.

Agora s� de raiva, raiva n�o sei de qu�, de quem. Sim, raiva deste leitor est�pido, vou ficar escrevendo um monte. Assim, ele p�ra logo de ler a minha p�gina e nunca mais volta aqui. Caso contr�rio sair� da tela do computador um enorme bra�o que ir� socar-lhe a fussa.

Excomungo esse tipo de leitor. Odeio o leitor severo. � o pior que existe. Para mim a coisa � simples, muito simples mesmo. Voc� come�a a ler, se gostou, continua, se n�o gostou p�ra. Eu sou assim, tem v�rios posts de muita gente que uso o tal m�todo. Come�o a ler, fico entediado, e saio, dou o o fora. �s vezes a culpa nem � do post em si, muitas vezes, relendo algo que n�o tinha gostado na hora, passo a achar bom.

Hoje, principalmente neste post, em que escrevo em associa��o livre, n�o quero me preocupar com nada, com o portugu�s, com o alem�o, com piadinhas sem-gra�a, com intelectualismo de classe m�dia, cheia de pretens�es intelectuais, e humor "refinado". N�o. Quero o humor grosseiro. Ou qualquer outro tipo de humor.

Uma coisa engra�ada � imaginar a cara que cada pessoa faz ao escrever. Eu reparei em mim mesmo e percebi que estava com as sombrancelhas franzidas. Coisa besta. Ent�o, ent�o, ent�o. Ser� que � um desrespeito escrever um post enorme, gigantesco? Um desrespeito ao leitor? J� disse que n�o. S� algu�m com neurose brava l� algo que n�o gosta.

O m�ximo que pode acontecer �, sei l�, algum fen�meno bizarro. Uma culpa por n�o ter lido tudo - como se eu estivesse escrevendo para que leiam tudo. Ou sei l�. Uma curiosidade para saber o que vem depois.

Quem j� pensou em tirar os coment�rios do blog? Ent�o, t�i outra vez: o velho problema do leitor. E o leitor � sempre o problema. Tem muita coisa que eu escrevo e apenas eu gosto. Ser� que deveria publicar estas coisas?

Ou deveria preservar minha imagem? Fazer algo p�blico, POP? Ou deveria permear o texto com cita��es em latim "Jucus mundis est" ou em franc�s " Je suis beaucoup jacu", para agradar intelectual�ides baratos, cheios de "lirismo comedido" e "esclarecimento pol�tico", que se d�o o luxo de ser "politicamente incorretos", mas que, no fundo, chafurdam na merda infame da burrice auto-afirmativa, para, em seguida, ajoelhar e socar na goela a pica de um fil�sofo imundo como Clarck Kant.

Resumindo. A pergunta mais importante aqui �: se ningu�m me lesse, ser� que mesmo assim eu iria continuar escrevendo. E se ningu�m me lesse, escreveria eu as mesmas coisas que escrevo? Ou ser� que se eu disser que eu escrevo s� para mim, eu estaria mentindo?

Quero que todas essas perguntas v�o � merda. Eu s� tenho um objetivo na vida: ser feliz. Podem dar risada, podem cuspir, podem vomitar. Mas a verdade � essa. Eu s� quero � ser feliz.

E de fato sou muito feliz, fa�o parte de uma minoria muito privilegiada, dada minhas condi��es existenciais.

Mas sei l�. Estas quest�es muito vastas costumam inflar nosso saco. Ningu�m aguenta mais as quest�es gerais, universais, existenciais, etc. Morte, destino, import�ncia da biologia e cultura no comportamento e no pensamento, deus, Deus, emo��o, raz�o.

� por isso que eu olho o computador, ( pausa, neste momento estou pensando, n�o sei mais sobre o que escrever ). Essa coisa de colocar o par�nteses me fez lembrar da maioria das discuss�es de boteco, em que se abre um parenteses atr�s do outro. (Parenteses que n�o se fechar�o jamais

Neste instante meu esp�rito mudou. Cheguei at� a corregir uma frase, reestrurei a frase anterior para que ela ficasse melhor. �. Meu estado de esp�rito se alterou. Isso tudo me fez sentir saudade.

� muito gostoso sentir saudade. Tenho vinte e quatro anos. Mas s� comecei a sentir saudade agora. Antes n�o sentia saudade. Acho que � porque sou muito ansioso, e s� pensava no futuro. Agora minha alma conhece melhor o que � a saudade.

Tem muitas pessoas que eu gosto muito, mas est�o longe. Convivi com pessoas raras. Amigos e amigas com quem tive muitos momentos de alegria. Mas, talvez, s�o apenas momentos perdidos no passado. Apesar de muitas dessas pessoas continuarem vivas. Ex-namoradas, alguns amigos que n�o vejo mais. Essas coisas.

� a morte, essa grande inimiga, e paradoxalmente, grande amiga dos mortais. Ah! cansei. Cansei mesmo. Prefiro dormir.





1:51 AM


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