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Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
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quarta-feira, fevereiro 12, 2003
Do Papel Higi�nico

Se tem uma coisa que me incomoda profundamente � a forma como os pr�-socr�ticos fazem a refer�ncia bibliogr�fica. Um descalabro. Voc� est� sentado, na sua confort�vel poltrona, lendo um bom Xen�fanes ou mesmo um Her�clito, fumando daquele cachimbo, cuja fuma�a se condunde aos pensamentos, e subitamente, como num coito interrompido, se depara com uma refer�ncia bibliogr�fica malfeita � e isso quando tem refer�ncia, diga-se de passagem. Com certeza FAPESP nem institui��o nenhuma aceitaria uma bagun�a destas.

Hoje em dia n�o se discute mais met�fisica. A baga�a agora � a fome. �Tenho quatro bocas para alimentar� diz, ou melhor, grunhe o pai de fam�lia nordestino (enquanto a c�mera da um close na banguela do sujeito) no honor�vel Jornal Nacional.

Uma mente l�cida percebe com facilidade que todas essas quest�es relativas � fome dizem respeito a dois �rg�os humanos: boca e est�mago. Mas se, ao contr�rio dos �esp�ritos superficiais�, formos ao fundo da quest�o, no bojo mesmo, passando pelo intestino delgado e grosso, chegamos a uma outra quest�o muito mais s�ria: o papel higi�nico.

Acredito que, atualmente, existe uma porcentagem muito maior de pessoas sem papel higi�nico do que sem comida, quer se trate de farinha ou mesmo aquele cactos conhecido popularmente pelo nome de xiquexique (cuja capacidade nutricional, ainda n�o foi devidamente estudada).

Os intelecutais enchem a boca de saliva para falar que matar fome � dar dignidade. Para mim, dignidade mesmo � ter bid� em casa. Em outro artigo, que venho cuidadosamente preparando, pretendo estudar a fenomenologia do bid�, seguindo a linha investigativa de Bachelard. "Existe bid� sem cu?", "A for�a do jato de �gua influencia na viagem dos que nele est�o sentados?", "Bid� realmente relaxa ou � s� supersti��o?" "Qual a rela��o entre o bid� e cosmos?" "E entre o bid� e o jacar�?" Estas e outras perguntas ser�o desdobradas, bem com as pregas, no meu pr�ximo artigo. J� tenho o t�tulo: �O bid� e o devaneio�.

Na aus�ncia de bid�, papel higi�nico serve. Mas n�o se engane, n�o � qualquer papel higi�nico. Recomendo aqueles com beb�s ou criancinhas bem fofinhas na embalagem. J� o papel higi�nico arom�tico, por outro lado, penso ser mais uma destas esp�cies intoler�veis de pervers�o do gosto e dos sentidos:

�Vem c�, querido, fa�a-me uma boa cuzete�
�Querida, voc� limpou o seu rabinho com o papel higi�nico de p�ssego?�
�Sim, todinho para voc�.�
�Eu te amo, amor.�
�Eu tamb�m te amo.�

N�o consigo ver outro uso de tais pap�is higi�nicos. Ainda assim, n�o duvidaria que, assim como acontece com as camisinhas, um dia encontremos na prateleira dos supermercados pap�is higi�nicos com sabor: �uva flavor�, �morango silvestre�, ou �chocolate meio amargo�. Um nojo, e simultaneamente, o fim.

Eu - n�o posso omitir - fa�o parte de um grupo mais antigo, de cunho mais conservador, cujas imposi��es ao cuzete se resumem �, tal como conhecida pelos eruditos: lavagens anus, com Dove - n�o podemos esquecer.

S� para fechar, proponho que ao inv�s de folhas de papel A4, o governo imponha uma lei obrigando que todas as teses sejam impressas em papel higi�nico. Assim, ap�s a defesa de tese, estes pap�is seriam enviados a entidades respons�veis pela divulga��o dos artigos nas zonas menos privilegiadas do globo. Desta forma, promoveria-se o bem estar do corpo, em particular, do cu dos desprivilegiados, n�o exatamente dos sem-terra, mas dos sem-bid�s, e como n�o? -tamb�m das gavetas p�blicas.

12:01 AM


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