Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.
segunda-feira, fevereiro 24, 2003 Niilismo Sensual, Arco-�ris de Prazer
Estava eu a matutar na rede de casa, co�ando a cabe�a e pelejando em digerir o suposto macarr�o ao molho ros�, quando fui acometido de um espasmo wittengsteiniano. Estou sendo demasiadamente prolixo em meu blog. Quando n�o se tem nada a dizer, o melhor � calar.
Nada muito grandioso, apenas mais um fruto de minha doutrina, j� conhecida por Dante, o niilismo sensual.
Essa doutrina apareceu, assim como a maioria das coisas da minha vida, numa esp�cie de lampejo. Na verdade, seria um eufemismo afirmar que esta doutrina apareceu, melhor seria dizer que ela me arrebatou, ou melhor ainda, me atropelou. Foi um dia quente, suava em bicas, fumava um belo dum charuto cubano, e olhava, com toda a cinestesia que cabe em meu peito, � fofura das nuvens e do ar.
N�o nego. Compartilho sim do amor alem�o aos r�tulos na medida em que bem feitos e precisos. A marioria daquilo que � dito, afirmo sem espanto nem drama, n�o � dito, pertence ao sutil reino das entrelinhas de nossa verborragia cotidiana.
Foi assim que, ap�s muito ponderar, e submergir no mar de minha mem�ria, por anda anda o barco de meu eu, conclu� que j� havia dito isso para Dante, sem nunca diz�-lo. Quanto ao Arco-Iris de prazer - embora a express�o estaja em sintonia �ntima com o niilismo sensual - devo salientar que falta, por assim dizer, uma explica��o a fim de que n�o se borre meu nome nos anais da hist�ria.
O arco-�ris, visto atualmente como algo um tanto brega, nada mais passa, para mim, do que um efeito prism�tico e, simultaneamente, a marca da alian�a entre Deus e os homens. Carrega em si a possibilidade da transmuta��o dos sexos, como tamb�m a espera�a que algum cabelo nas�a em meu pulm�o.