!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























Archives
<< current













Pode ir:


Radamanto
Santaputa
mozart
Scemsentido
Safiri
wunderblogs
Deus Canino
Arnica
Petronas
Alexandre Soares
Erebo
Betty Blue
Santo Agostinho
Mente Imperfecta

Antigo blog do pulmao




























Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
segunda-feira, junho 16, 2003
Engoli

Engoli duas copadas de l�grimas esta da manh�, no caf� da manh�, l� pelas onze e meia. Voc� acha que isso � forma de acordar? L�grimas com maconha? Logo no caf� da manh�? N�o, disse para mim mesmo, num di�logo travado c� no cora��o. De hoje n�o passa, tenho que dar um jeito nisso de uma vez por todas. Assim, com decis�o estampada no sobrolho, fui at� a cozinha e preparei uma magn�fica salada.

E comi apenas salada. Degustava cada mordida, sentia os vegetais ro�ando o interior de minha boca. Esmagava com meus molares a cenoura numa mordida leve e ao mesmo tempo decidida. Aquele instante era meu. Era o instante presente: eu e a comida num �love affair� invej�vel. A comida era limpa, t�o limpa que poderia coloc�-la na boca, esperar um tempo, e apreciar cada detalhe, consist�ncia, forma e brilho, tal qual buceta de mulher amada, momentos depois do banho.

Como disse, apreciava o alimento em todas as suas express�es f�sicas. E agora, falando isso, fico a pensar: numa pr�xima vez n�o seria m� id�ia tentar encontrar nos alimentos algo al�m dos encantos sensuais: tamb�m seus encantos espirituais. N�o consigo comer tomate sem ser acometido pela fort�ssima sensa��o de estar comendo algo muito org�nico. Uma gengiva de velha, por exemplo. Cheguei at� mesmo comentar isso com minha mina, o que a fez me olhar com espanto. Mas n�o perdi minha alegria frente � grande salada.

Foi s� olhar para a beterraba para ter certeza que a alegria n�o teria fim! O jogo de cores, a textura, a consist�ncia da beterraba cozida! � muito interessante mesmo. N�o conseguimos macet�-las apenas com a for�a da l�ngua, embora tal miss�o, entregue aos nossos dentes, � motivo de risada. Um exemplo contr�rio a esta benfazeja maciez se encontra no bife servido no Bandej�o Central na semana passada, conhecido popularmente por 007: frio, com nervos de a�o. Um atentado ao bom gosto. Pouca vergonha um bife daqueles! Sei que tem muita gente passando fome no mundo. Mas o qu� o cu tem que a ver com as car�a.

E foi assim, por meio desses pensamentos estomacais, que resolvi seguir a doutrina da maciez da carne. Tanto para a carne comida, como a carne sentida, tida. Explico-me. O term�metro do meu corpo a maciez da minha pr�pria carne. Quanto mais feliz, mais macia percebo a minha carne.

E n�o podemos esquecer que a maciez muitas vezes vem depois de duros esfor�os. Ela nunca vem isolada, mas acompanhada. A carne macia possui uma maior porosidade que a carne comum. Como se n�o bastasse, � menos resistente a fortes impactos. Por outro lado, � sens�vel, assim como uma gelatina, a pequenos abalos. Um lago calmo se reparte em ondas circulares quando uma pedrinha cai sobre sua superf�cie plana.

5:56 AM


This page is powered by
Blogger.
Site 
Meter