!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Antigo blog do pulmao




























Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
segunda-feira, setembro 22, 2003
O Bravo.

Ficarei na minha luta vã para não escrever nada. Tudo o que escrevo é nada. E nada é o gosto do milho, que, por ser amarelo, não é totalmente aquilo que se chama focinho de lontra. Entendeu, não. Não, não, não, NÃO. Nu em Nova Yorque é um filme que transborda sabedoria. Todos devem assistir Nu em nova York. É lá que ficarão sabendo o real significado de todas as coisas.


A beleza

Encontrei, ontem a noite, do outro lado da esquina, a beleza. Encontrei-a entre o fora e o dentro. Entre o cosmo e o Eu. Mas era tão bonita. Tão bonita. Linda, Linda. Fiquei encantado e...
...
...
... repousei meu coração. Um fogo manso e delicioso fazia meu coração ficar quietinho. Sentia-me bem, sentia-me nobre, vendo a beleza olhar de modo tão sutil para mim. Quando já era madrugada, abaixei um pouco mais e comecei a lamber o chão. Vocês não vão acreditar, mas o chão era de chocolate. Mas de repente o chão virou concreto e depois virou abstrato e depois virou conceito. Então, deixa eu confessar de uma vez por todas, senti orgulho, pois lambia um conceito. Minha língua é muito grande. Uma vez enfiei a língua dentro de um cano e abracei o mundo com minha língua. Outra vez, quando estava no quintal de casa, deitei no chão e tirei a língua para fora, minha língua então começou a subir, subir, subir. Cada vez mais minha língua crescia, parecia uma antena, mas fui fazendo força e ela foi subindo mais ainda, ultrapassou a estratosfera, raspou na lua, entrou num buraco negro. Senti orgasmo. Me senti, por dois segundos realmente me senti, alí, estirado no chão de meu quintal, me senti o homem-deus. Mas foi só por dois, dois segundos apenas. Aí, recolhi a língua para dentro da boca e fui conversar normalmente com todos aqueles sujeitos honesto que trabalhavam em frente da construção de minha casa.

- Bom dia pedreiros, bom dia mestre de obras, bom dia servente de pedreiro.

- Bom dia, amigo. O que você quer de nós?

- Quero conhecimento.

- Cê é tonto. Não sabemos nada além de construir casas.

- Falo sobre as coisas da vida.

- Ah! Entendo, coisas como comer bem e ter uma vida boa.

- Sim!

- Isso não falamos, ninguém pode contar para ninguém.

- Como assim?

- Nunca ouviu, está na Bíblia e em todos os livros e em todos os lugares. Se você fala para alguém qual é a melhor maneira de viver, a maneira de viver deixa automaticamente de ser a melhor. Por isso. Aqueles que sabem a melhor maneira de viver nunca contam para ninguém. Pois se contassem não mais saberiam.

- É muito triste saber isso.

- Julgue como quiser, mas a verdade é essa.

- Tudo bem, meus amigos pedreiros. Posso trabalhar um pouco com vocês?

- Você está louco, ninguém quer trabalhar de graça. Você só pode estar louco. O que você quer com isso. O QUE VOCÊ QUER?

- Eu quero apenas trabalhar um pouco com vocês.

- Tudo bem, o problema é seu. Pegue para mim aqueles tijolos. E depois misture a cal com o cimento.

Suei em bicas, estava um dia muito quente. Os tijolos eram pesados e por vezes o vento soprava a cal em minha cara, obrigando-me a respirar aquele ar esbranquiçado. Sentia que ia morrer asfixiado. Várias vezes tossia. Quando tossia, os pedreiros davam risada, rachavam o bico. Então eu também ria um riso meio amarelo. Um tempo depois estava exausto, meus músculos tremiam, sentia a força da gravidade como Newton nenhum jamais sentiu.

Os períodos em que me sinto melhor são os períodos em que fico orgulhoso. Não tenho orgulho por exemplo das minhas roupas, não tenho orgulho de minhas posses, não tenho orgulho de muita coisa, tenho orgulho daquilo que eu penso. Não tenho tanto, é verdade. Às vezes queria me tornar um vegetal, digo, um vegetal bonito.

12:15 AM


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