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Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
terça-feira, setembro 30, 2003
Um estória que se encontra sem querer

Contra a minha vontade, eis-me uma vez mais aqui, neste receptáculo de lixo nervoso, nesta boca aberta ao mundo que se chama não sei o quê.

Mal começo a escrever e já começo a desistir. Sempre sinto que não tenho nada para escrever. Nunca encontro nada de interessante no vasto tempo entalado na minha alma. O mar de minhas recordações secou, de vez em quando parece que tem uma pocinha azul, mas é só miragem.

Sento-me, permaneço de cócoras, abraço meus joelhos. Tudo é deserto. Pó. A umidade do ar: sete porcento. Se ao menos encontrasse um São Bernardo que me trouxesse conhaque. Se ao menos encontrasse uma freira safada. Se ao menos encontrasse em alguma circunvolução de meu cérebro um problema político, que me servisse de tapete para deitar e rolar. Ou talvez uma piada.

Uns três dias atrás ouvi uma piada, a de uma loira que tinha que dar o cu para um negão e não peidar. Em troca ganharia um tapete. A loira não conseguiu, peidou. A mãe dela, defendendo a honra da família também deu o cu para o negão. Fracassou. Então, a vó da loira, velha mofina, que mal conseguia andar, pegou um busão, foi até a loja de tapete, encontrou o negão e foi tirar satisfação. No fim da tarde a velha, que tinha o cabelo meio branco, meu tingindo de loiro, chega mais manca ainda, com o tapete enrolado nas costas. Sua filha e sua neta se espantam e pensam consigo mesma, orgulhosas de sua linhagem, e do cu poderoso da véia.

A neta, dando pulinhos:

- Eu não acredito. Você conseguiu vovó!

A velha simplesmente respondeu que não havia peidado mas cagado, lambuzando toda a superfície do tapete. E trazia o tapete apenas para lavá-lo.

Se eu não me engano, a velha disse assim:

- Realmente. Peidar, não peidei. Mas, infelizmente caguei naquele tridente do diabo. Perdemos o tapete. A nossa família de loiras foi desonrada. Abdico de todos os meus cargos públicos e privados, cubro-me de cinzas. Minha vida não é mais vida. Passerei o resto de minha vida conzinhando, indo em quermesses. Mas de que me adianta ser a campeã do Bingo, se derrotada por uma benga.

- Mas mãe, o membro era gigante. Não te aborreças, não carregue esse fardo. Ademais, a elasticidade de teu anus já está comprometida. Tenho certeza de que, se fosse na época em que a senhora era novinha, a senhora conseguiria. Isso é normal na idade. As pregas do cu, mamãe, serve para fechá-lo, tá certo, mas também serve para abri-lo. Além do mais, tenho certeza que se a senhora tivesse defecado um pouco antes, isso não teria acontecido.

Enquanto a mãe falava, a neta, com um jeitinho meigo, fazia um sinal com a cabeça, em concordante compreensão às palavras da mãe. Mas a velha parecia não querer saber de desculpas.

- Esse negão vai ver. Amanhã comprarei um consolo, e treinarei incessantemente. Cada vez consolos maiores. Aquele negão vai ver.

Três meses depois, o marido da velha loira começou a perceber algo de errado. Tirou os olhos do jornal, e da sua poltrona avistou sua mulher, de quatro, no tapete da sala, enfiando um gigantesco consolo no boga. Ou melhor, sua netinha é que enfiava. Gotas de suor escorriam da testa da velha e deslizavam pelas rugas, algumas caiam no pé do marido. O marido então disse.

- Você não acha que está passando dos limites.

A velha então retrucou, sôfrega:

- Não. Ah! Não.

A neta da loira, que era uma loirona de dezoito, ajudava a sua vozinha, dando incentivos psicológicos. Frases como: "Vai vovó, você consegue.", "Acredite em si".

No quarto mês a vovó aparece na loja de tapetes. Estende o tapete no chão, já lavado. O negão começa a comê-la. O trato: se não peidar o tapete era dela. O negão começa. Vê que o páreo vai ser duro. Experiente que é, percebe que os intestinos da véia estão murchos, não tem peido, nem merda. O negão afunda mais, na esperança de encontrar uma ilha de peido no fim do tunel. Nada. A velha é só triunfo.

Então a velha, como que juntando forças, olha para os parentes e amigos que foram até a loja para apoiá-la. Na pequena multidão que se forma em torno do tapete, também estão presentes alguns curiosos ou uns dois ou três compradores ociosos que aproveitaram para ver aquela cena bizarra. A velha olha especialmente para seus netinhos, que abanavam cartolinas em que eles mesmo escreveram frases de apóio. Filhos, genros, netos, todos torciam pela véia. Todos estão lá. Só o marido não compareceu, alegando dor de cabeça. Uns diziam que era ciúme, mas não importa. Todos vibravam. O negão utilizou todo o repertório de técnicas que conhecia. Metia fazendo certos movimentos rotatórios com o tronco, de modo ao pau girar no intestino, partindo da suposição de que seu pau estivesse impedindo a saída do peido. Mas nada, nem um arzinho. A velha resistia. Depois de cinco minutos a velha, pressentindo a vitória, em vez de ficar apoiada com os dois braços no chão, teve a ousadia de ficar apoiada com um único braço, levantando ao ar o outro braço com os punhos fechados: o sinal da vitória, do triunfo, e da glória da família. Nesse momento os familiares entraram em êxtase, pulavam e abraçavam uns aos outros.

A imprensa já havia chegado. Um dia depois, a sairia a notícia em rede nacional. Fotógrafos de todos os jornais tiravam fotos de todos os ângulos. Saiu na capa de um dos jornais mais importante do Brasil aquela cena que eu já descrevi. A velha de quatro, um braço da frente apoiando no chão, o outro levantado como no sinal da vitória, um meio sorriso de orgulho, triunfo e supremacia da raça. O negão, atrás, como uma cara de desespero, derrotado.

E finalmente o negão tirou o membro. A vitória era da velha. Não tinha o que se discutir. O tapete era dela. Ficaria no meio da sala de visitas, servindo como troféu. E mais que o tapete, a honra da família estava salva.

Foi um momento deslumbrante, os que viram falam que nunca viram nada igual. Uma lição de perseverança, de caráter. Todos afirmara que depois disso aprenderam a valorizar a honra, coisa que dinheiro nenhum compra. Aprenderam também que para se conseguir o que se quer é necessário, muitas vezes, superar a dor. Era uma heroína, sem dúvida. Ouvi dizer que o padre da paróquia que a velha freqüentava havia reprovado a atitude. O pessoal dizia era normal que o padre tivesse essa opinião. Bom, mas a verdade é que todos no bairro, todos que presenciaram a cena, eram unânimes quanto ao grande valor da velha.

1:32 AM


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