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Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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quinta-feira, junho 03, 2004
Ateísmo e Utopia em Santo Agostinho

A quantos é dada a possibilidade de Santo Agostinho? A de afirmar, em coros ditirâmbicos, a morte de Deus. “Deus está morto” conclui ele numa escura, tediosa noite de solidão absoluta. Não constitui um ato de coragem, nem de revolta, também não o faz porque é chique, mas simplesmente porque a negação racional de Deus habita o reino da evidência. A razão, lúcida de si mesma, cala-se diante de Deus.

Depois de anos de meditação angustiada, Santo tem subitamente um relâmpago lógico. Clarão de certeza que ilumina as estruturas do mundo e o destino nada animador da alma. Deus está fora. E é um matemático que está falando, é um cientista, um homem que, quando pensa, põe, com delicadeza e elegância, seu sentimento de lado. Ele induz, deduz e prova. Seu sentimento serve-lhe, apenas, na escolha dos objetos de que irá tratar. Santo é uma imensa máquina trituradora a devastar as florestas da ignorância.

Seu pensamento, vivendo em rigoroso regime de honestidade, não concede ao Absoluto o status nem de certo, nem de provável, nem mesmo de possível, mas de absolutamente errado. Errado, mas não necessariamente descartável.

Errado mas não necessariamente descartável

Seria correto, portanto, supor que Santo Agostinho seja favorável à utopia atéia? Não resta dúvida, caso contrário seria necessário rotular o pensador como mais uma destas bestas irracionalistas, o que é risível.

Existem, contudo, diferentes sociedades de ateus. Uma sociedade em que seus membros ainda se lembram do conceito de Deus, separa-se, por um abismo, de uma que Seu nome esteja banido do espírito humano.

Estaria morto o último homem que conhecia o conceito de Deus. Todas as pessoas veriam na morte simplesmente o fim. Deus seria apenas um conceito potencial, hibernando nas estantes empoeiradas de bibliotecas ancestrais. Conceito que seviria somente ao estômago de traças e cupins.

Em resumo: duas sociedades são possíveis.

1) Uma que não acredita, mas ainda se lembra de Deus.
2) Uma na qual ninguém mais se lembra de Deus.

Qual das duas seria ele a favor?

Acredito que, por mais contra-senso que isto possa parecer, Santo seja a favor do primeiro tipo de sociedade: uma em que a memória de Deus esteja presente.

Em tal sociedade, a Bíblia seria ensinada nas escolas como mitologia, ao lado de outras mitologias. Aquela parte da Bíblia em que é dado ao jumento o dom da fala seria vista mais como episódio de humor, que educacinal. Mas são especulações. Afinal, todos sabem: “Quem na boca dos outros põe palavras, acaba levando um soco na sua”.

1:15 AM


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