!> !> Pulmão Cabeludo
Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.


























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Pulmão Cabeludo
Alea jacus est
terça-feira, julho 20, 2004
Reflexões sem destino
 
Um feto foi abandonado no lixo,
Depois de dois minutos seu coração,
Tic-tac-tic-tic.
Tchau, feto.
 
As coisas.
Tantas coisas.
Onde estão as coisas?
Lá fora brincando no quintal?
Dentro da nossa mente?
 
Dentro da minha mente escuto vira e mexe uma vozinha.
Ela fala baixinho, às vezes sussurra, às vezes me xinga.
E por que será que tenho o orgulho e tonto hábito de pensar que sou essa vozinha.
Eu um cogito a cogitar?
Um vozinha?! A vovozinha! (sai dessa, rapaz)
 
Mas como é difícil tapar a boquinha mucha no canto da mente.
Só quando estou no cinema é que se cala.
Ou às vezes quando escuto música. Mas é raro.
 
Vou dizer a verdade para vocês,
Minha mente é uma tagarela,
Às vezes não me permite nem ler,
Vou lendo e ela vai falando por cima.
E isso tem nome: falta de concentração.
 
Para se concentrar é preciso fazer essa voz calar a boca.
Ou ao menos fazer essa voz comentar o objeto da atenção.
Apesar desse último ser diferente do “mergulhar” em algo.  
 
Mas por que, meu caro amigo, a minha consciência gosta tanto de falar
Esse blablablá interminável?
Amanhã tem dentista.
Não se esqueça de passar no cartório.
Será que aquele filha da puta deixou a papelada no jeito.
Será que precisa de foto.
Aproveito que vou passar no banco e já bato umas fotos ali mesmo.
Até que não é caro.
Puta! Meu dinheiro ta acabando.
O que é que eu vou comer.
 
Desde criança me fascina a cultura oriental,
A arquitetura, a arte, as roupas, a perfeição, a honra.
 
Foi na Manchete,
Que vi um documentário,
Japão: a Magia do Tempo.
Mostrava uns hotéis que se pareciam colméias:
Uma cabine de um metro de largura com uma cama e uma televisão.
Achava tudo aquilo muito legal e queria ir para o Japão dormir ali.
 
Na época fazia karetê e ficava feliz quando usava quimono.
Mas não gostava muito do nome que davam para quem fazia karatê.
Karateca! Credo! Nome feio sô.
 
Os monges pregam o silêncio da mente.
Pssssss.
 
(um minuto de silêncio)
 
Os gráficos mentais tornam-se ondas,
Sem bicos sem quinas,
E é gostoso se derreter no mundo e ficar ondulando.
 
Algumas idéias trago comigo
No coração.
E às vezes quando estou mais calmo,
Contemplo essas idéias,
E elas tomam conta de mim.
E sinto espasmos e tremores.
(geralmente não é bom contar para os outros essas idéias)
 
Sou um pedaço do mundo.
 
Quando penso é o mundo que está pensando.
Todo pensamento é um pensamento do mundo.
Quando a baleia pensa é o mundo que está pensando.
 
Não estou separado. Não estou isolado. Não estou só.
 
Meu pescoço se estica um metro para cima.
Minha boca se abre como nunca abriu.
Só para gritar, com toda a força,
Por um transbordar de felicidade:
 
Sou um pedaço do mundo.
 
Feito de barro de ar de fogo e outros elementos.
 
Agindo e reagindo,
Como a pedra,
Como o iodo,
Como a cadela da vizinha.
 
Todos os pensamentos são os pensamentos mundo.
O mundo pensa muitas coisas ao mesmo tempo. Mais de um bilhão de coisas. 

Um amigo me mostrou certa vez que conseguia pensar em 9 coisas ao mesmo tempo.
Era seu máximo.
Pensava em duas músicas, quatro pessoas, um princípio filosófico e não me lembro os outros pensamentos.
Mas de costume pensava em duas ou três coisas ao mesmo tempo.
 
Pensar em nove coisas ao mesmo tempo é difícil, concordo.
Eu mesmo só consigo pensar em cinco coisas ao mesmo tempo.
E só depois de treinar muito,
E pensamentos fáceis.
Mas não pensar é bem difícil também.
 
Não estou separado do mundo.
Confundo-me com o mundo.
 
Acho que foi Ortega,
A circunstância faz parte da pessoa.
Às vezes estou parado e começo sem querer a pensar em posts.
Cinco anos atrás isso não me acontecia.
Agora acontece e é isso.

11:44 PM


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