Um ser que participa do Todo e tem saudade do tempo que não foi, mas sabe que um dia nele irá se desmanchar, e flutuar. Porquanto participo da sopa divina.
Um relativista é um sujeito absolutamente idiota. A verdade não é relativa.
Existe ao menos uma verdade incontestável, absolutamente verdadeira para qualquer um, em qualquer época, e continua sendo verdadeira mesmo que vá pra pindaíba o último ser humano. Eis: "Alguma coisa há".
Nem que seja a ilusão, os sentidos, a dúvida, as sensações, o pensamento, ou o bidê. "Alguma coisa há". Podem espernear, podem arrancar os cabelos, mas alguma coisa há.
Abaixem a cabeça e engulam essa verdade, seus relativistas duma figa. Essa verdade é o ponto arquimédico do filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos, em sua obra Filosofia Concreta. É evidente que este ponto arquimédico é mais robusto, por exemplo, do que o cogito descartiano, resumido na máxima: "Penso logo existo".
Se você aceita esse axioma, "alguma coisa há", então você necessariamente terá que aceitar como verdadeira cada palavra dos três livros de sua Filosofia Concreta. Não é por acaso que Olavo de Carvalho toma o Ferreira como um dos maiores pensadores da língua Portuguesa.
Lógico, os brasileiros, conhecendo-se a si próprios, tem o saudável hábito de desconfiarem de si, preferindo importar modelos teóricos. Estão certos, mas, digo, esse caso é uma exceção. Mário Ferreira é a própria inteligência encarnada. Seu estilo não é lindo, não tem aquele floreios do rococó, que os vulgos tanto amam, mas é o estilo da verdade. Seco e exato.